sábado, 28 de fevereiro de 2009



Desculpem-me

Ele roçava os labios em seus labios mais improprios. Ela não sabia dizer porque seu corpo parecia estalar em brasas. Furtivas lagrimas se misturavam com o sorriso tremulo. Ela não encontrava sentido. Ela não estava lá. Perderam-se todos, os sentidos.

E o tempo pareceu parar quando ele a segurou pelas ancas e a pôs de costas para si.

...Seu coração dispara...

Ela não entendia porque.

Ele acariciava seu corpo com gentileza. Deslizava as mãos por fendas estreitas. Admirava. Ela sentiu o corpo estremecer, sentiu medo. Como quem ora ele se prostou entre suas pernas, deitou-se sobre aquela fragil criatura e fez do pequeno quarto o mais perfeito retrato de sodoma.

Dor.

Ela rangia os dentes e cravava as unhas no colchão velho. Seus dois olhos, outrora vivo brilhante, deram lugar a dois olhos de peixe morto perdidos no espaço. E ela não sabia entender porque.

O corpo macho se tornara convulsivo, cheio de esquecimento e movimentos desordenados. Balbuciava, arfava. Enterrava-se com tanta força que tocava e machucava as mais profundas rubras partes da pequena. 

FIM.

Os lençois desforrados acolheram desconsertados o branco e o vermelho que escorriam aliviados. O quarto acomodou um cheiro característico de um tipo sexo. Ele se levantou, caminhou até uma luzinha vermelha que em momento nenhum deixou de piscar e desligou-a. Ela não entendia o quê, por quê

A tão poucos anos certas coisas não são faceis de entender ...

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009



Bela noite na budega de Massilon (Para Guga)

Basta do "EU"
Basta!
Doeu.

Artur

Sim, meu Amigo
Só a tua boca cala a minha
Quando toda hora parece fim de madrugada
Eu sei que você sabe o quanto detesto uma noite em claro
E o verso é quase nada
Mas poeta, me desculpa
É que as vezes o vento sopra tão frio
Que a caneta borra as palavras

Moai (à D.Gabriela)

Eu queria saber amor
Ser teu verso
Meu avesso

Talvez um dia você arrange outro rapaz

Eu só queria
Me queria comida
Mais que te quero

Me desfaço
Faço dois em um
Fico fato

Talvez você precise de outro rapaz
Mas esquece.

Aquece-te

Apraz

Sonolência. OK
Descoordenação motora. OK
Alterações gastro-intestinais.
Diarreia.
Vómitos.
Alterações do apetite.
Alterações visuais. OK
Irregularidades cardiovasculares.
Alteração da memória. OK
Confusão. OK
Depressão.
Vertigem.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Parece

Parece manteiga, mas é carne...

...é carne
   é carne
   é carne

parece droga, mas é despedida...

...despedida
   despedida
   despedida

parece que seria saudade...

...mas não é nada...

Ao filho morto

Feto, fogo-fatuo incandescente
pedra, gelo, carne, gente
A mãe não para de rezar

Tato, pêlo, fato consistente
tempo passa indiferente
o pai...

Vem de brisa, vai ventania
um pé de vento
no fim do dia

Falta; sentimento sublimado
morte; ovo fecundado
em vago ventre de serpente

Escalada. topo de gargalo
Ébrio fado castigado
cerne do olho do tufão

Vem de brisa, vai ventania
um pé de vento
fechando o dia

Bilhete

Hoje eu cortei meus cabelos
Raspei até o ultimo pelo do corpo
Subi os dois mais altos degraus da minha vida
Vestido de terra, céu e mar
Logo eu que nunca soube fazer laços
Saltei deixando um bilhete de eternas despedidas
Eu aparei as unhas
Fiz a barba e o bigode
De pouco um tudo do que nunca fazia.
Aqueles que depois me veriam
Guardariam na lembrança apenas a imagem do esquecimento
De tudo aquilo que tentei ser um dia

E lá se foram
palavras
Versos
Poemas
Notas
Acordes
Melodias
Esquetes
Peças
Curtas
Medias
Longas

O que me resta é o fio de prata no alto da minha cabeça

ps: Espero que não se importem, mas gozei no chão.

Todo dia

Hoje o sol se pôs pintando as nuvens; furta-cor de chamas
Todos olhavam para os lados ou para o chão
talvez a procura de almas gemeas, moedas ou lentes de contato perdidas
Mas o sol não se importa. Goza seus raios num embate apaixonado
contra e a favor da penumbra
que borda delicadamente o vestido negro da lua
as pessoas?
continuam indo e vindo
algumas ao chegar em casa comem pão com manteiga, deitam e dormem sozinhos
esquecidos das estrelas.

-De tão belos são tão raros-

Sol
nuvens
chão
a busca pelas almas gemeas
moedas e lentes de contato, sejam encontradas ou não
A escuridão que se aproxima
a lua
pães com manteiga
o sono dos esquecidos
estrelas constantes e suicidas
seja a aurora boreal ou as tramas do bordado da xita
tão pleno no que percebo  sempre pela primeira e ultima vez.

Escrava minha

Ah, escrava minha
Levanta o rabo e me deixa escutar os prantos do teu cu convalescente
Que falta esta te faria a ausencia de minha rola quase murcha
na mucosa doce da tua bunda?
se escarro na tua cara, escrava minha
te puxo pelos cabelos
e te escurraço pelos portões da minha vida
é para que em meio ao que emploras
ter denovo meu pau duro
que ponho em tua boca
consolo quase ostia
engasgando tuas
palavras lacrimosas
olhos de devoção
enquanto murmuras:
-me enraba-
te enrabo escrava minha
É vida e pranto em versiculos cortantes
como os dentes tortos de um tubarão
ou um gilete