domingo, 29 de novembro de 2009

Da certeza

Se alguém diz que aquela mesa de pedra é de madeira, ela pode realmente ser de madeira.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Do impotente

Sinto medo de estar perdendo a sanidade. Medo de com isso estar me encontrando. Não vejo coisas nem escuto vozes, mas me vem um desespero aterrador. É como que uma visita. Uma visita indesejada de um visitante desconhecido. Ele apenas senta ao meu lado e me observa. É negro. Não como um homem, mas como o universo. Em sua pele pode-se "" no vazio das estrelas. Seus olhos são buracos que vão dar no infinito das coisas e de si mesmo, e no que eles refletem eu penso me ver.

Não faz sentido algum e eu sinto medo.

Gostaria agora de acreditar em Deus. Eu me ajoelharia diante do Senhor e imploraria para que me amparasse em seus braços até que me desfizesse em Seu Amor infinito. Mas o visitante devorou meu Deus. Destroçou-o com seus dentes de dilacerar palavras e sorriu.
Tudo é só silêncio. Um silêncio que cala os sentidos e pensamentos.

Penso que posso ficar louco.

Ele me observa. Sei que me observa e só. Meu medo não faz diferença alguma. Fecho os olhos, mas sei que ele continua a me olhar.

É preciso fazer alguma coisa para que ele não assuste também o meu Filho.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Atchim! Não importa

Seu cu. Saliva marrom. Ele lambeu. Não vendo repugnância era maravilhoso. Acenderam as luzes. Fodeu. Sua filha. Fodeu mesmo. Tinha apenas 4 anos. Saiu. Ufa. Saiu sangue no seu pau. Chupa. Puta. Chupa. Chupou. Não deu. Vomitou no seu pé. Deu-lhe um tiro na nuca. Não lhe comeu.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Do amor e da tentativa de compreensão

Joguei meu filho para o alto
Ele sorriu e pediu mais
Joguei meu filho para o alto
Ele sorriu e pediu mais
Joguei meu filho para o alto
E de propósito o deixei cair

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Osmário

Ser-se. Como um cachorro.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Baseado em fatos reais

As crianças são cruéis
de tão puras são cruéis

...
cochichavam duas crianças...
...


Faz tanto tempo que eu nem lembro mais sobre o que cochichavam.


...
Sorriam as duas crianças...
...


...
Estavam pertinho do quadro negro. Curvadas para aprisionar o segredo entre elas...
...


Pois que chegou então uma terceira criança.


...
"Riem de mim?" perguntou.
"E se fosse?" respondeu uma das crianças.
...


Sua mão como um raio acertou o olho direito do pequeno respondão.


Fiquei com o olho roxo por dias. Sofrendo mais com o constrangimento dos óculos escuros que com a dor.
Anos se passaram. Pensei mesmo ter esquecido.
Mas num canto do bairro houve uma briga, e o valentão estava lá.

Ele morreu. Um tiro na cabeça. Por coincidência na frente da minha nova escola.

E secretamente me sinto satisfeito.

sábado, 7 de novembro de 2009

Helen keller

Sorrindo escuta Marlee Matlin
E com ela eu escuto

Sonhando goza Farinelli
E com ele eu gozo

Suspirando pensa Daniel Pearl
E com ele eu penso

Chorando observa Louis Braille
E com ele observo

Parando age Anderson Cavalcanti Santiago Tavares
E com ele eu paro




Ps: Invejo Rogério Skylab.